São José, modelo de pai

Amanhã é meu dia, quer dizer, Dia dos Pais… (rsrsrs) E estou lendo um livro que o Vaticano preparou para o VII Encontro Mundial das Famílias, que aconteceu em Milão, de 30 de Maio à 3 de Junho deste ano, com o tema “A Família, o Trabalho e a Festa”. O tema põe em relação o casal, um homem e uma mulher, com os seus estilos de vida: o modo de viver as relações (a família), de habitar o mundo (trabalho) e de humanizar o tempo (festa). O trecho a seguir fala justamente de São José, pai de Jesus e modelo para todos os pais neste mundo tão atribulado. Confiram a riqueza desse texto:
“Um anjo apareceu em sonhos a José. Mais cedo ou mais tarde, de vários modos, a vida de família é posta à prova. Então, exigem-se sabedoria, discernimento e esperança, muita esperança, às vezes para além de qualquer evidência humana. O sofrimento, o limite e a falência fazem parte da nossa condição de criaturas, assinalada pela experiência do pecado, ruína de toda a beleza, corrupção de toda a bondade. Isto não significa que somos destinados a sucumbir; pelo contrário, a aceitação desta condição estimula-nos a confiar na presença benévola de Deus, que sabe renovar todas as coisas.
Este trecho evangélico descreve com tons dramáticos a viagem de uma família, a família de Jesus, aparentemente semelhante a muitas outras: a criança está em perigo e, durante a noite, é necessário partir imediatamente, empreendendo a viagem rumo a uma terra estrangeira. Assim, a jovem família encontra-se a encaminhar-se por uma estrada imprevista, complicada e inquietadora. É aquilo que acontece também nos dias de hoje e muitas famílias, obrigadas a deixar as suas habitações para poder oferecer aos seus filhos um contexto de vida melhor e para os subtrair aos perigos do mundo circunstante. Porém, talvez a narração da fuga para o Egito faça alusão a uma vicissitude mais universal, que diz respeito a todas as famílias: a necessidade de empreender a viagem que conduza os pais rumo à sua maturidade, e os filhos para a idade adulta, na consciência da sua própria vocação; e isto, não raro, pode verificar-se à custa de decisões também dolorosas. Trata-se da viagem da construção da família, da geração e da educação dos filhos, caminho árduo, difícil e exigente, no qual as numerosas dificuldades, das quais nenhuma família é preservada, às vezes podem desanimar.
Nesta narração evangélica, Jesus parte como criança e, quando regressa, adquire o seu nome de adulto: «Será chamado Nazareno» (v. 23), título que já prefigura o seu destino de cruz; assim, da viagem de cada família, em que também os pais amadurecem, nascem filhos adultos, capazes de assumir pessoalmente a vocação que lhes é própria. Desta viagem de família, os protagonistas principais são os pais, de modo especial o pai, chamados a predispor boas condições de vida para os filhos. A necessidade de partir é comunicada a José mediante a linguagem dos sonhos. Em sonhos (cf.Mt 1, 20-21) já lhe tinha sido anunciada a gravidez de Maria e comunicado o convite a recebê-la e a tomá-la consigo (cf. Mt 1, 20-21). 
Sabemos pouco acerca de José, mas uma coisa é certa: «Era um homem justo» (Mt 1, 19). A justiça, virtude das relações interpessoais, põe em primeiro lugar a salvaguarda do próximo; assim José, dado que era justo, tinha decidido rejeitar Maria secretamente, em vez de a expor ao juízo público. Na simplicidade do seu coração, ele sabe entrever o plano de Deus e vislumbrar nos acontecimentos da vida de família a mão divina. É fundamental saber «ouvir os anjos», discernir espiritualmente os acontecimentos e os momentos da nossa vida familiar, para que as relações sejam sempre purificadas, favorecidas e curadas. 
Com efeito, a família vive de bons relacionamentos, de olhares recíprocos positivos, de estima e de garantias mútuas, de defesa e de tutela: deste clima derivam o discernimento atento e a decisão pronta que salvaguarda a vida de um filho. Isto é válido para todas as famílias, para aquelas que vivem uma situação concreta de perigo, mas também para aquelas que vivem situações aparentemente mais seguras: os pais permaneçam voltados para a vida boa dos filhos, que devem ser subtraídos às ameaças e aos perigos. 
O anjo convida a despertar, tomar, acolher, fugir… e confiar, permanecendo numa terra estrangeira até que o Senhor avise. José assume as suas responsabilidades, é protagonista da sua própria vicissitude, mas não se sente sozinho, porque conta com o olhar d’Aquele que provê à vida dos homens. A confiança em Deus não exonera da reflexão, da avaliação das situações, do percurso complexo da decisão mas, ao contrário, torna possível viver em todas as situações, sem jamais desesperar ou resignar-se. José está acordado, é capaz de enfrentar os acontecimentos e proteger a vida da mãe e do menino; mas ele age também na plena consciência de que é assistido pela salvaguarda eficaz de Deus.” 

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