Economia e vida, dilema ou aliança frutuosa?

Economia e vida, dilema ou aliança frutuosa?

O Cardeal François Van Thuan, vietnamita, passou 13 anos na prisão sendo espancado e maltratado. Apesar dessas sevícias constantes, os guardiões perguntaram intrigados a ele porque não abandonava Cristo. Ele, com fina ironia, respondeu: “Não o posso abandonar, pois o amo pelos seus defeitos”. A resposta os intrigou mais ainda e por isso Van Thuan completou: “Tem cinco defeitos, primeiro não tem boa memória,pois perdoa sempre não lembrando os pecados; segundo, não “sabe” de matemática, deixa as 99 ovelhas no curral para buscar a ovelhinha perdida; terceiro, ele desconhece a lógica, pois mostra uma mulher que faz uma festa onde gasta muito mais que a moeda que encontrou que foi a razão da alegria; quarto, é um aventureiro, não tem sequer uma pedra para descansar a cabeça e, finalmente, não entende nada de economia e de finanças, pois ensina a parábola dos trabalhadores da vinha que são contratados em diferentes horas do dia e recebem o mesmo pagamento”.

O que está em jogo é a dignidade da pessoa, somos preciosos diante de Deus, somos moedinhas que têm impressas sua imagem, dizia Santo Agostinho. O capital mais valioso e o recurso econômico fundamental sempre será a pessoa humana. Immanuel Kant afirmava que a pessoa humana nunca pode ser tratada como meio, mas como fim. Isto é essencial, apesar de que alguns economistas calcularam, como Hamernech, que uma vida equivale ao custo de 200 empregos, outros ainda usaram o critério de vida estatística chegando a valores monetários, em dólares e euros.

Claro que esta lógica persiste nos mesmos que defendem os créditos de carbono para desmatar e poluir a vontade, ou legitimando os custos sociais do sacrifício dos pobres, nos planos de ajustamento estrutural que assassinaram as economias de países dependentes. Uma economia (norma da casa) tem que ter rosto humano, cuidar das pessoas, investir pesado em saúde e educação, que longe de ser apenas despesas são fatores e multiplicadores de crescimento. Quando uma economia mata, destrói a vida de pessoas ou do planeta, não pode levar o nome de economia, mas de exploração predatória. Uma economia, especialmente neste contexto de pandemia, deverá ser profundamente humana, sustentável, integradora e inclusiva. Deus seja louvado!

Fonte: CNBB

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