Recebi, inesperadamente, o maravilhoso convite para passar uma mensagem às famílias. A princípio, tremi (tremi mesmo!), diante da possibilidade de colocar no papel algo que pudesse ser construtivo para a evangelização da Igreja doméstica. Como é difícil escrever…
Em seguida, percebi que é simples falar de família, quando a família faz parte de nós. Como é leve falar de algo que tem leveza para a gente. Na verdade, creio que o Espírito Santo já havia me inspirado, quando, nesse mesmo dia, havia lido esse trecho da Primeira Carta da São Paulo aos Coríntios:
“10Eu, como bom arquiteto, lancei os alicerces conforme o dom que Deus me concedeu; outro constrói por cima do alicerce. Mas cada um veja como constrói! 11 Ninguém pode colocar um alicerce diferente daquele que já foi posto: Jesus Cristo. 12 Se alguém constrói sobre o alicerce com ouro, prata, pedras preciosas, madeira, capim ou palha, 13 a obra de cada um ficará em evidência. No dia do julgamento, a obra ficará conhecida, pois o julgamento vai ser através do fogo, e o fogo provará o que vale a obra de cada um. 14 Se a obra construída sobre o alicerce resistir, o operário receberá uma recompensa. 15 Aquele, porém, que tiver sua obra queimada, perderá a recompensa. Entretanto, o operário se salvará, mas como alguém que escapa de incêndio.” (1 Cor 3, 10-15)
São Paulo esteve em Corinto por volta do ano 50 d.C.. Ficou nessa cidade mais de um ano e pregou os ensinamentos de Jesus a uma comunidade que nunca havia ouvido falar n’Ele. Após sua partida para Éfeso, começaram a aparecer dúvidas, pois a comunidade cristã ainda estava engatinhando. O objetivo da epístola é dirimir algumas questões e, nesses versículos citados acima, ele fala do que representou sua missão naquele lugar e como os seguidores de Jesus deveriam proceder para continuar propagando os preceitos que haviam acabado de conhecer.
Mas qual a relação disso com os dias de hoje? E com a família? T-U-D-O!
Quando recebemos o Sacramento do Matrimônio, Jesus se torna o alicerce da nossa família. É nossa obrigação zelar e dar a ela o nosso melhor. Nós podemos escolher como construir e o que usar nessa construção, se usamos ouro, prata e pedras preciosas ou apenas madeira, capim e palha. Qual o material que estamos escolhendo para construir nossas famílias?
São Paulo nos diz que “o fogo provará o que vale a obra de cada um”. Quantas vezes os casamentos são desfeitos e as famílias destruídas porque o casal não escolheu o melhor material? Amor, respeito e paciência não devem dar lugar para o desentendimento, a indiferença e a intolerância. O fogo que testa o casal é a rotina do dia-a-dia, o excesso de trabalho, o trânsito agitado, as contas que não cessam de chegar, as amizades que afastam de uma vida santa… Precisamos lutar a cada dia para que a obra que Deus abençoou permaneça firme. Amadurecendo com as provações e resistindo às tentações.
Eu e meu marido temos conseguido construir uma família unida, sem que isso seja um fardo, algo difícil para nós. Não há segredo. Apenas tentamos a cada dia viver um para o outro, e para o nosso filho. E fazer da nossa casa um local de paz e alegria. Não dá para terminar o dia em um ambiente repleto de brigas. Os momentos que passamos juntos têm que ser especiais. Especiais porque o que reina é a paz. E a oração em família, sem dúvida, é fundamental para isso, pois colocamos Deus no centro da nossa vida. E querem saber de uma coisa? Acho que, como bons operários, já estamos recebendo a nossa recompensa!
Texto de Michelle Dantas
Casada, mãe de um filho e Ministra Extraordinária da Sagrada Comunhão na Paróquia São Benedito.