A facilidade de criação de canais para divulgação de informações na internet e a importância que as plataformas de comunicação e relacionamento ganharam atualmente vêm impulsionando um fenômeno da difusão das chamadas fake news (as notícias falsas). Apesar de parecer recente, o termo é mais antigo do que aparenta. De acordo com o dicionário Merriam-Webster, essa expressão é usada desde o final do século XIX.
Segundo um relatório da consultoria Gartner, em 2022 consumiremos mais boatos que informação verdadeira. O assunto é tão sério que motivou um debate no Senado Federal. Em junho deste ano foi aprovado o Projeto de Lei (PL) 2.630/2020, que propõe medidas de combate à propagação de notícias falsas. O projeto, conhecido como PL das fake news, teve 44 votos favoráveis e 32 votos contrários. O texto seguiu para a Câmara.
O projeto estabelece normas para trazer transparência a provedores de redes sociais e de serviços de troca de mensagens privada. O PL busca o combate à divulgação de notícias falsas postadas em anonimato ou com o uso de perfis falsos e de disparos em massa. Ao mesmo tempo, o texto fala em garantir liberdade de expressão, comunicação e manifestação do pensamento.
O fato é que as notícias falsas espalham desinformação e, muitas vezes, dificultaram principalmente neste período de pandemia, a divulgação de informações e orientações corretas. O bispo de Santo André (SP) e presidente da Comissão para a Doutrina da Fé da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), dom Pedro Cipollini, publicou um artigo com o título “Fake News: problema sério!”.
No texto, o bispo diz que o mundo das Fake News é o mundo da “pós-verdade”, onde não existem fatos, mas somente interpretações: “Isto oferece como recompensa a mais bela ilusão: a de ter sempre razão, independentemente de qualquer desmentido”.
“Necessita-se urgente de uma comunicação verdadeira levada avante por comunicadores verdadeiros. A comunicação verdadeira tem o poder de criar pontes, favorecer encontro e inclusão. Traz grande bem à sociedade especialmente hoje, quando o mundo digital facilita a ampliação do poder da palavra. Palavras e ações deveriam ser tais, que nos ajudassem a sair dos círculos viciosos de condenações e vinganças, que mantem prisioneiros os indivíduos e as nações, expressando-se através de mensagens de ódio”, disse dom Cipollini em seu artigo.
Ainda, conforme o bispo, nada mais necessário hoje, para combater as Fake News do que a imprensa livre, com profissionais honestos, buscadores da verdade e narradores da realidade como ela é.
A Igreja no Brasil no combate às Fake News
A Igreja no Brasil também tem se empenhado no combate às fake news. A Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) será embaixadora da campanha #EuVotoSemFakecampanha”, lançada pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) no dia 29 de setembro deste ano. O objetivo da iniciativa é que os candidatos sejam eleitos de maneira legítima e ética, por meio de informações verdadeiras, divulgadas em seu contexto, livres de distorções.
Segundo Thiago Rondon, coordenador digital de Combate à Desinformação do TSE, o principal objetivo da campanha é passar informações precisas sobre o processo eleitoral, como os cuidados sanitários para a realização do voto no dia das eleições, o funcionamento do fluxo de votação e as orientações para os eleitores em relação à apresentação de documentos, entre outras. “Tendo acesso à informação verdadeira, a população fica mais tranquila para votar e mais preparada para combater as chamadas fake news”, destaca.
Neste sentido, a CNBB soma-se ao esforço da mobilização e coalizão de checagem de fatos sobre o processo eleitoral da sociedade brasileira para combater a disseminação de “falsas notícias”, “fakenews”, no contexto das disputas travadas aos cargos públicos no executivo e legislativos municipais no mês de novembro.
Cartilha formativa
A Rede Eclesial Pan-Amazônica (REPAM-Brasil) lançou uma cartilha virtual formativa para ajudar no combate às Fake News. Organizada pelo setor de comunicação da Rede, a proposta é oferecer um material que ajude a refletir, discernir e combater a disseminação de notícias falsas.
A cartilha apresenta os conceitos, tipos e oferece dicas de como identificar e combater as Fake News e, ainda, apresenta algumas ferramentas, como aplicativos e sites, que podem ajudar na checagem das notícias para verificar a veracidade das informações compartilhadas.
Em entrevista à Repam, a secretária executiva da Rede, irmã Maria Irene Lopes, disse que a intenção da cartilha é contribuir para que as pessoas possam se proteger das muitas inverdades e boatos que circulam pela internet.
“Nesse tempo de tantas notícias, precisamos ficar atentos aos processos de desinformação e ajudar que as pessoas tenham ferramentas para não permitir que informações falsas sejam espalhadas”, afirmou irmã Irene.
A produção do material contou com a participação de estudantes de comunicação social – jornalismo e publicidade – do Centro Universitário Estácio de Brasília.
Clique (aqui) e acesse a cartilha.
Fonte: CNBB