O sentido dessa frase, por muito tempo, ecoou no meu coração gerando inquietação e pesar. Por que ‘por mim’? Eu, que nem tinha coragem de dizer “Crucifica-o” no evangelho da Paixão, como me sentir responsável pelo sofrimento e morte do Filho de Deus?
Foi buscando entender melhor a profundidade dessa afirmação que me deparei com ensinamentos que não só esclareceram minhas dúvidas, mas também me tornaram uma pessoa ainda mais apaixonada por esse Homem que, sem dúvida, deu a vida por cada um de nós. E que maravilha perceber o quanto sou honrada em poder dizer: “Foi por mim!”
Jesus, em determinado momento de sua vida, sai do convívio familiar e se dirige ao deserto. Lá encontra João Batista, por quem passa a nutrir afeto e admiração a ponto de descrevê-lo como “o maior entre todos os nascidos de mulher” (Lc 7,28 // Mt 11,11). A dedicação do Batista em devolver a esperança ao povo é algo que fascina Jesus, que fica com ele até ser morto por Herodes.
Daí em diante, a missão do Filho de Deus se revela de maneira plena. Com Jesus tudo começa a ser diferente. Oferece o perdão a todos, não só aos batizados no Jordão; a linguagem dura é substituída pela poesia; a ideia de uma ira destruidora de Deus é substituída pela mensagem de Sua incrível compaixão. Jesus acolhe de forma festiva, abandona o jejum e passa a celebrar refeições abertas a todos. A mensagem central do Batista de “Cuidado, Deus está vindo” é alterada para “Alegre-se, Deus está vindo”. Com essa Boa Notícia anunciada por Ele, de uma forma simples em palavras e amorosa em ações, Jesus consegue atrair e alegrar a todos os que padeciam pelo sofrimento, humilhação ou falta de esperança.
Porém, a inclusão de todos no projeto de salvação, ao qual Ele chamava de Reino de Deus, era uma ameaça ao Império Romano, que escravizava não só através da exploração financeira, mas também pelo uso equivocado da Lei de Deus, visando submeter ainda mais Seus filhos e filhas ao poder político daquela época.
Mas o amor de Jesus ao Pai foi tão intenso que Ele correu todos os riscos para não abandonar sua mensagem. Até o fim foi fiel à missão e dedicou-se dia após dia a ela. Seu único propósito de vida foi levar as pessoas a buscarem reatar a amizade com Deus, um Pai amável que anseia por cada um de nós. Teria sido fácil evitar a morte. Bastaria que Ele tivesse evitado irritar o Templo, calando-se. Entretanto, Jesus confiou plenamente em Deus e continuou Seu caminho. Jamais traiu o sentimento de Seu coração. Jamais voltou atrás na sua certeza do amor infinito de Deus por nós. Através d’Ele, toda a revelação do projeto de Deus para a humanidade aconteceu e foi realmente para todos nós que Ele se entregou, para que não houvesse nenhuma dúvida desse divino amor em nosso coração. Foi por cada um de nós!
Que possamos todos os dias honrar esse amor através de gestos concretos e que nessa Páscoa ressuscitemos novas pessoas com Jesus Cristo.
Michelle Dantas
MESC – Paróquia São Benedito