Na última sexta-feira, 10, o Papa Francisco recebeu o cardeal Angelo Becciu, prefeito da Congregação para as Causas dos Santos, autorizando o mesmo Dicastério a promulgar os Decretos relativos a uma nova Beata e 4 novos Veneráveis Servos de Deus.
Uma vida oferecida a Deus e aos outros
A futura nova Beata é Maria Antonia Samà, leiga da Calábria, nascida em 2 de março de 1875 em Sant’Andrea Jonio, Província de Catanzaro. Acometida quando menina por uma doença grave, permaneceu paralisada, com os joelhos levantados. Forçada a ficar acamada nesta posição desconfortável, Maria Antonia viveu tudo com fé, convidando aqueles que iam visitá-la a sempre ter fé em Deus, em todas as situações.
Em 1915, fez votos privados de especial consagração a Deus, cobrindo a cabeça com um véu preto. A população da cidadezinha a chamava de “a freira de São Bruno”, a visitam para pedir conselhos e orações, para encontrar paz e serenidade. Com ela é rezado o Rosário três vezes ao dia. Veio a falecer aos 78 anos, em 27 de maio de 1953, depois de mais de 60 anos acamada, oferecendo todos os sofrimentos ao Senhor.
Para sua beatificação, a Postulação da Causa apresentou para exame da Congregação a cura inexplicável atribuída à sua intercessão, de uma senhora acometida por uma forma degenerativa grave de osteoartrite nos joelhos, o que lhe causava uma dor insuportável. A cura ocorreu na noite entre 12 e 13 de dezembro de 2004 em Gênova quando, sob fortes dores, a senhora começou a implorar à Venerável Serva de Deus que conhecera quando ainda jovem. Após a invocação, ela adormece e, na manhã seguinte, ao se levantar, descobre que a dor havia desaparecido e que ele poderia retomar todas as suas atividades.
Quatro novos Veneráveis Servos de Deus
Com o reconhecimento de virtudes heroicas, tornam-se Veneráveis Servos de Deus: Eusébio Francisco Chini (chamado Kino), sacerdote professo da Companhia de Jesus; Mariano José de Ibargüengoitia e Zuloaga, sacerdote diocesano, cofundador do Instituto das Servas de Jesus; Maria Félix Torres, fundadora da Companhia do Salvador; Angiolino Bonetta, leigo da Associação dos Silenciosos Trabalhadores da Cruz.
Um missionário jesuíta na América
Eusebio Chini nasceu em 10 de agosto de 1645 em Segno, no Val di Non, no Trentino. Tornando-se jesuíta, parte em missão para a Nova Espanha, que incluía grandes regiões dos atuais Estados Unidos e México. Trabalha lado a lado com os nativos americanos, a quem chama de “nossos irmãos em Cristo”, promovendo a melhoria de suas condições de vida, ensinando métodos para o cultivo e criação de gado. Defende os direitos e a dignidade dos povos indígenas contra qualquer exploração dos colonizadores, cujos abusos são por ele denunciados. Ele vive como os nativos, tirando força da oração e da Adoração Eucarística noturna. Ele também é astrônomo, matemático, explorador e cartógrafo. Morreu em Magdalena (México) em 15 de março de 1711.
Eucaristia, Nossa Senhora e os pobres no centro da vida
Mariano José de Ibargüengoitia e Zuloaga nasceu em 8 de setembro de 1815 em Bilbau (Espanha), em uma família rica dedicada ao comércio marítimo. Ordenado sacerdote, torna-se pároco, empenhando-se na escuta de confissões, na catequese, na formação de sacerdotes. Visita os doentes, os prisioneiros e as famílias pobres. Em 1862, recebeu do Papa Pio IX o título de missionário apostólico. É um incansável pregador de missões para o povo e dos Exercícios Espirituais para o clero. Em 1871, colaborou na fundação do Instituto das Religiosas Servas de Jesus. No centro de sua espiritualidade estão a Eucaristia, a oração, a devoção à Nossa Senhora e aos pobres. Ele morreu em Bilbau em 31 de janeiro de 1888.
Ao lado dos sacerdotes perseguidos
Maria Félix Torres nasceu em 25 de agosto de 1907 em Albelda (Espanha). Aos 14 anos, pela primeira vez, faz os Exercícios Espirituais de acordo com o método de Santo Inácio de Loyola, durante os quais sente fortemente o chamado à vida consagrada.
Em 1930, tornou-se uma das primeiras mulheres espanholas a se formar em Química pela Universidade de Zaragoza. Após seus estudos, fundou a Companhia do Salvador, com a espiritualidade inaciana, dedicada ao apostolado da juventude feminina, especialmente a universitária. Durante a guerra civil espanhola, socorreu sacerdotes perseguidos. Em 1952, a Companhia do Salvador foi aprovada como Instituto religioso de direito diocesano: dedicou-se à formação de jovens que ingressam no Instituto. Passou os últimos anos no governo de sua fundação, em oração, no silêncio e na oferta dos sofrimentos ao Senhor. Morreu em Madri, em 12 de janeiro de 2001, aos 93 anos.
Um jovem com virtudes heróicas
Angiolino Bonetta nasceu em Cigole, na Província de Brescia, em 18 de setembro de 1948, de uma família de trabalhadores. Aos doze anos, teve uma perna amputada após um sarcoma ósseo. Disse que oferecia tudo “a Jesus pela conversão dos pecadores”. Encoraja outros doentes, transmite paz. Para quem sente pena dele porque caminha com muletas diz: “Mas você não sabe que a cada passo eu poderia salvar uma alma?”. Ele se consagra ao Senhor entre os “Silenciosos Trabalhadores da Cruz”. “Agora sou todo de Nossa Senhora – diz ele – da ponta dos meus pés até a parte superior dos cabelos”.
Em uma carta antes de morrer, ele escreve: “Desde que entrei para os Silenciosos Trabalhadores, o Senhor me deu uma tempestade de graças, até então desconhecida para mim. Sinto-me forte como um leão e canto da manhã à noite.” Ele morreu em Cigole, em 28 de janeiro de 1963, aos 14 anos.
Fonte: Vatican News