Por Luís Felipe Escocard: Alguns meses atrás escrevi sobre a família Maushart (http://www.ipco.org.br/home/noticias/seis-meses-de-liberdade), que decidiu viver seis meses sem televisão, computador, internet, videogame, etc. A Sra.Maushart tinha percebido que estavam inteiramente dependentes de uma série de parafernálias eletrônicas. O resultado desse “desligamento” foi que passaram a conviver mais, uma filha teve uma melhora significativa no colégio e o filho descobriu uma vocação musical.
Ao procurar uma foto para ilustrar o artigo, vi uma que me deixou perplexo: um grupo de jovens com os olhos vidrados num jogo de videogame. E uma notícia também terrível: uma pesquisa do website Divorce Online apontou que 15% dos divórcios ocorridos nos EUA foram causados por vício em videogames por um dos cônjuges.
O Sr., pai de família, que fica preocupado ao ver seus filhos por horas infindáveis na frente de um jogo eletrônico, tem toda razão para se preocupar.
Psiquiatras e psicólogos já colocam o vício em videogames no rol de dependências comportamentais e a idade média de viciados vem caindo.
“Aquele que foi identificado como dependente, que está perdendo a liberdade, que está se prejudicando por causa do videogame, precisa ser tratado. Torna-se indispensável um processo de psicoterapia que ajude essa pessoa a compreender de que forma seu comportamento foi adquirindo tais características.” É o que afirma o Psiquiatra Vieira Júnior, responsável pelo Ambulatório de Dependências Não-químicas do Proad (Programa de Orientação e Atendimento a Dependentes, da Universidade Federal de São Paulo). “Com o tempo, ela vai abandonando atividades como estudar, dormir e, em casos extremos, alimentar-se”, continua.
Afirma a revista Galileu que de acordo com estudo da Universidade de Estocolmo, os viciados podem atuar na vida real como se estivessem dentro de um jogo eletrônico, algo chamado de “Fenômeno de Transferência de Jogo”. Alguns entrevistados apertam botões imaginários e vêem “caixas de energia” na cabeça das pessoas. E a metade deles afirmam que tentam utilizar mecanismos de jogos na solução de problemas.
Já o pesquisador inglês Steve Pope afirma que “gastar duas horas diárias em um jogo é o mesmo que cheirar cocaína no ápice de sua produção. Esse tipo de vício é que mais rapidamente cresce no nosso país e está afetando os mais jovens mentalmente.”
E a Veja mostra um estudo realizado em Singapura, onde 9% dos adolescentes foram considerados jogadores patológicos, com mais de 30 horas de jogos por semana. Um dos pesquisadores, Douglas Gentile, afirma que os viciados têm maiores possibilidades de terem depressão, fobias sociais e ansiedade.
Em 2005 um sul-coreano de 28 anos morreu de parada cardíaca por exaustão, ao ficar mais de 50 horas jogando. Ele tinha inclusive abandonado o emprego para poder jogar mais.
No mundo já existem diversas clínicas especializadas nesse vício. No Brasil há um setor da Santa Casa (RJ) e do Hospital das Clínicas (SP) que tratam dos dependentes.
O caro leitor talvez pensa que eu esteja exagerando? Um dos artigos que consultei indicava um link para um vídeo de um menino viciado que foi impedido de jogar. Veja sua reação! E tire suas conlusões…